Rangel Alves da Costa*
Há quem goste de amar e quem goste de se
apaixonar. Abdica da poesia do coração e prefere o tormento da alma. Há quem
goste da manhã e quem goste da noite. Uns abraçam a aurora após a janela e
outros espalham nostalgias debaixo da lua cheia. Há quem gosto de cardápio e
quem goste de panela cheia. Uns com finura e requinte, luxo e etiqueta, e
outros apenas com a vontade de comer sem medida ou frescuras. Há quem goste do
outono e há quem goste da primavera. A triste e a solidão em uns e o
contentamento jovial em outros. Há quem gosta da mentira e quem sempre prefere
a verdade. Alguns distorcem a realidade e outros seguem o caminho da honradez e
do respeito. Há quem vote num partido e a quem vote em outro. Daí tanto faz ser
este ou aquele, considerando que não discernimento entre o ser pior ou pior
ainda. Há quem goste de apenas dormir e há quem goste de apenas sonhar. Uns se
contentam com o repouso e outros sempre desejar alcançar lugares inalcançáveis
no mundo real. Há quem se contenta em doar e quem busca apenas receber. Aquele
com o humanismo no coração e este envolvido na mais pura ambição. Há quem
envelhece e quem simplesmente fica velho. O envelhecido continua sua caminhada
na normalidade da vida, enquanto o velho apenas espera seu último instante
chegar. Mas tudo uma questão de gosto. E, logicamente, isto não se discute. E
há também quem só goste de viver, e tantos outros que tudo fazem para mais cedo
perecer.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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