Rangel Alves da Costa*
Tudo é passageiro, transitório, frágil
demais. Há um sentido de Eclesiastes em tudo na vida, eis que tudo em constante
transformação. A lua se levanta e o sol se põe, a terra árida faz brotar a
flor, a vida morre para renascer. Daí que nada estará sempre cheio, nada estará
sempre na metade, nada estará sempre vazio. E assim porque o uso leva à
transformação. Assim na vida, assim no amor, assim na existência, assim no
caminho do homem. A criança nasce pequenina, frágil, com pouca essência e
substância. Depois vai se transformando, se fortalecendo até se transformar na
força juvenil. Diz-se, então, que o ser humano está cheio, pois no auge do
vigor físico, da disposição, do encorajamento, dos sonhos e planos. Mas depois,
ao se tornar adulto, e sem perceber, de repente passa a sentir que não está
mais transbordante como em outros tempos. Está perdendo substâncias essenciais,
está sendo diminuído em muitos aspectos, está na metade do que imaginava
conter. Daí em diante, igualmente a um vasilhame alquebrado pelo tempo e pela
idade, não consegue mais conter o que ainda lhe resta como força. E quando mais
a idade avança mais o vaso vai se partindo e o conteúdo esvaziando. Até que um
dia, quando no fundo se avista a criança que se tornou em velho, então o vaso
espera somente o vento para se dissipar. Vazio, quebrado, os grãos viram pó.
Eis que ao pó hás de retornar!
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário