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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

MEU COMPROMISSO COM POÇO REDONDO


Rangel Alves da Costa*


Nos últimos tempos, algumas pessoas têm me encontrado pelas ruas e arredores de Poço Redondo. E na sexta estarei por lá novamente. Tenho planos para o meu lugar, e que certamente não são políticos, ainda que tanto desejasse ensinar a certas pessoas como se administra um município e mostrar a meus conterrâneos como é possível realizar com honestidade e inteligência.
Além do Memorial, logo surgirá a Associação Cultural Memorial Alcino Alves Costa, porta de partida para objetivos ainda maiores. E ainda além do memorial e da associação, tenho compromisso com a história, a cultura e as tradições de Poço Redondo. Nosso rincão sertanejo necessita de pessoas que resgatem seus valores. As pessoas sentem a necessidade de conhecimento histórico. Basta saber que toda vez que publico alguma fotografia ou algo a respeito de um Poço Redondo desconhecido por muitos, logo as pessoas compartilham, se mostram orgulhosas e engradecidas pelas riquezas que possuem.
Mas não posso fazer nada sozinho. Preciso de pessoas que me ajudem no resgate e na divulgação da memória e no ainda existente por toda a povoação. Inegável é a riqueza histórica de Curralinho, Bonsucesso, Cajueiro, Jacaré e Poço de Cima, só para citar alguns exemplos. Inegável a importância das raízes familiares que nem mesmo os da mesma linhagem procuram conhecer e preservar.
Em Poço Redondo está a Serra da Guia, o Morro da Letra, os Sítios Quilombolas da Guia, as Cachoeiras, a Gruta do Angico, a Maranduba e o histórico fogo de Lampião, os Muros de Pedras construídos pelos escravos, a Nascente do Rio Sergipe, os Caminhos do Conselheiro, o Alto de João Paulo e sua sina cangaceira, a história ainda viva de Zé de Julião, a arte inestimável de Mestre Tonho, os Grupos de Tradições Folclóricas, a abnegação cultural de Beto Patriota, o acervo de Alcino Alves Costa, as Cavalhadas de antigamente e que precisam ser resgatadas, os Pífanos da Família Vítor, dentre muitas outras manifestações históricas, artísticas e culturais.
Poço Redondo é imenso, é enorme, é vasto demais para ficar relegado ao esquecimento. Mesmo que territorialmente seja o maior município do estado, tal dimensão pouco significa em comparação à sua riqueza histórica e cultural. E alguém tem de fazer alguma coisa. Repito: alguém tem de fazer alguma coisa. Que nada se espere das administrações municipais que sequer patrocinam qualquer evento verdadeiramente cultural ou colaboram com os grupos de jovens que se organizam para o resgate dos valores do município.
Mas sei que não estarei sozinho. Fico verdadeiramente encantado quando encontro jovens como aqueles que zelam pela Capela de Santo Antônio do Poço de Cima e procuram resgatar a história daquela comunidade primeira de Poço Redondo. Outro dia, enquanto eu caminhava pelos lados da Praça Frei Damião, eis que encontro a Professora Marleide que me falou de seu trabalho junto com a comunidade de Curralinho. Não é trabalho comunitário, mas de preocupação com as raízes, com as grandezas de um passado que não pode ser relegado aos desvãos do tempo. E com Marleide também me comprometi a participar desse trabalho de junção de retalhos.
Contento-me por saber que não estarei sozinho. Tenho plena e máxima confiança que no Padre Mário César está a chave principal para que muitas portas sejam abertas. Este jovem sacerdote, verdadeiramente apaixonado por Poço Redondo, não medirá esforços para que grupos de jovens se formem objetivando desencavar nossas raízes históricas e trazer ao conhecimento de todos aquilo que infelizmente só é avistado quando é mostrado. E mais: a sua preocupação com a história de Poço Redondo é tamanha que sempre tem conduzido a sua Igreja como aquela que, indo além da religiosidade, vai à busca do povo em sua dimensão maior: a histórica.
Eis, assim, o meu compromisso com Poço Redondo. E quem quiser me acompanhar é só me dar a mão e seguir caminhando pelas veredas que caminho por este mundo sertão.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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