Rangel Alves da
Costa*
Nos
últimos tempos, algumas pessoas têm me encontrado pelas ruas e arredores de
Poço Redondo. E na sexta estarei por lá novamente. Tenho planos para o meu
lugar, e que certamente não são políticos, ainda que tanto desejasse ensinar a
certas pessoas como se administra um município e mostrar a meus conterrâneos
como é possível realizar com honestidade e inteligência.
Além do
Memorial, logo surgirá a Associação Cultural Memorial Alcino Alves Costa, porta
de partida para objetivos ainda maiores. E ainda além do memorial e da
associação, tenho compromisso com a história, a cultura e as tradições de Poço
Redondo. Nosso rincão sertanejo necessita de pessoas que resgatem seus valores.
As pessoas sentem a necessidade de conhecimento histórico. Basta saber que toda
vez que publico alguma fotografia ou algo a respeito de um Poço Redondo
desconhecido por muitos, logo as pessoas compartilham, se mostram orgulhosas e
engradecidas pelas riquezas que possuem.
Mas não
posso fazer nada sozinho. Preciso de pessoas que me ajudem no resgate e na
divulgação da memória e no ainda existente por toda a povoação. Inegável é a
riqueza histórica de Curralinho, Bonsucesso, Cajueiro, Jacaré e Poço de Cima,
só para citar alguns exemplos. Inegável a importância das raízes familiares que
nem mesmo os da mesma linhagem procuram conhecer e preservar.
Em Poço
Redondo está a Serra da Guia, o Morro da Letra, os Sítios Quilombolas da Guia,
as Cachoeiras, a Gruta do Angico, a Maranduba e o histórico fogo de Lampião, os
Muros de Pedras construídos pelos escravos, a Nascente do Rio Sergipe, os
Caminhos do Conselheiro, o Alto de João Paulo e sua sina cangaceira, a história
ainda viva de Zé de Julião, a arte inestimável de Mestre Tonho, os Grupos de
Tradições Folclóricas, a abnegação cultural de Beto Patriota, o acervo de
Alcino Alves Costa, as Cavalhadas de antigamente e que precisam ser resgatadas,
os Pífanos da Família Vítor, dentre muitas outras manifestações históricas,
artísticas e culturais.
Poço
Redondo é imenso, é enorme, é vasto demais para ficar relegado ao esquecimento.
Mesmo que territorialmente seja o maior município do estado, tal dimensão pouco
significa em comparação à sua riqueza histórica e cultural. E alguém tem de
fazer alguma coisa. Repito: alguém tem de fazer alguma coisa. Que nada se espere
das administrações municipais que sequer patrocinam qualquer evento
verdadeiramente cultural ou colaboram com os grupos de jovens que se organizam
para o resgate dos valores do município.
Mas sei
que não estarei sozinho. Fico verdadeiramente encantado quando encontro jovens
como aqueles que zelam pela Capela de Santo Antônio do Poço de Cima e procuram
resgatar a história daquela comunidade primeira de Poço Redondo. Outro dia,
enquanto eu caminhava pelos lados da Praça Frei Damião, eis que encontro a
Professora Marleide que me falou de seu trabalho junto com a comunidade de
Curralinho. Não é trabalho comunitário, mas de preocupação com as raízes, com
as grandezas de um passado que não pode ser relegado aos desvãos do tempo. E
com Marleide também me comprometi a participar desse trabalho de junção de
retalhos.
Contento-me
por saber que não estarei sozinho. Tenho plena e máxima confiança que no Padre
Mário César está a chave principal para que muitas portas sejam abertas. Este
jovem sacerdote, verdadeiramente apaixonado por Poço Redondo, não medirá
esforços para que grupos de jovens se formem objetivando desencavar nossas
raízes históricas e trazer ao conhecimento de todos aquilo que infelizmente só
é avistado quando é mostrado. E mais: a sua preocupação com a história de Poço
Redondo é tamanha que sempre tem conduzido a sua Igreja como aquela que, indo
além da religiosidade, vai à busca do povo em sua dimensão maior: a histórica.
Eis, assim,
o meu compromisso com Poço Redondo. E quem quiser me acompanhar é só me dar a
mão e seguir caminhando pelas veredas que caminho por este mundo sertão.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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