Rangel Alves da Costa*
Todas as vezes que estou no sertão e logo
cedinho desperto para caminhar pelos arredores, um fato me chama a atenção. Encontro
muitos jovens andando de lado a outro com gaiolas com passarinhos e todos em
direção aos arvoredos logo adiante. Certa feita a alguns perguntei por que
assim faziam, então como resposta ouvi que era para que os pássaros engaiolados
avistassem outros pássaros em liberdade e assim não permanecessem tristes e sem
cantar quando retornassem à cidade. Mas que miséria humana, logo disse a mim
mesmo. Como pode ter cabimento colocar uma gaiola num galho de árvore somente
para que o passarinho se torne animado com a chegada de pássaros livres. Seria
o mesmo que trazer um cidadão preso numa jaula e todo dia colocá-lo por alguns
instantes diante da porta de sua casa. Qual o contentamento e alegria que
poderá ter com tal situação? Bem assim ocorre com o passarinho. Nada justifica
que um pássaro engaiolado seja colocado perante outro em liberdade e assim
retome seu ânimo para cantar. Não passa de uma desumanidade agir assim.
Desumanidade em manter um pássaro aprisionado, em colocá-lo numa situação de
sofrimento ainda maior e também por negar-lhe o direito à liberdade no seu
ambiente de vida. Por isso mesmo que pássaros definham, silenciam e morrem. Não
por doença, mas pela dor causada pela situação que têm de suportar a cada
amanhecer.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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