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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Palavra Solta: o pássaro, a gaiola, o mato


Rangel Alves da Costa*


Todas as vezes que estou no sertão e logo cedinho desperto para caminhar pelos arredores, um fato me chama a atenção. Encontro muitos jovens andando de lado a outro com gaiolas com passarinhos e todos em direção aos arvoredos logo adiante. Certa feita a alguns perguntei por que assim faziam, então como resposta ouvi que era para que os pássaros engaiolados avistassem outros pássaros em liberdade e assim não permanecessem tristes e sem cantar quando retornassem à cidade. Mas que miséria humana, logo disse a mim mesmo. Como pode ter cabimento colocar uma gaiola num galho de árvore somente para que o passarinho se torne animado com a chegada de pássaros livres. Seria o mesmo que trazer um cidadão preso numa jaula e todo dia colocá-lo por alguns instantes diante da porta de sua casa. Qual o contentamento e alegria que poderá ter com tal situação? Bem assim ocorre com o passarinho. Nada justifica que um pássaro engaiolado seja colocado perante outro em liberdade e assim retome seu ânimo para cantar. Não passa de uma desumanidade agir assim. Desumanidade em manter um pássaro aprisionado, em colocá-lo numa situação de sofrimento ainda maior e também por negar-lhe o direito à liberdade no seu ambiente de vida. Por isso mesmo que pássaros definham, silenciam e morrem. Não por doença, mas pela dor causada pela situação que têm de suportar a cada amanhecer.
                                      

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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