Rangel Alves da Costa*
Há uma teoria acerca da queda do pingo d’água
ou do sopro provocado pelo bater das asas de borboleta que se mostra
surpreendente. Demonstra que um simples pingo d’água sobre o leito do mar tem o
poder de provocar consequências admiráveis. Assim, o pingo cai, seu peso
provoca mudança na água, uma pequena onda se forma, e uma maior, outra maior,
até uma imensidão de água se mover cada vez mais forte, mais potente,
devastadora. Igualmente a que remete ao bater de asas de borboleta. O sacudir
das asas provoca uma reação ao redor, algo como um leve sopro, que ao alcançar
o que esteja ao redor vai provocando reações em cadeia. O sopro leva a
partícula invisível pelo ar, que avança como poeira, que segue adiante como
poeira, que se acumula como areia e se transforma em pedras, montes, montanhas,
penhascos colossais. Ou simplesmente sopra na folha, que se agita e vai
provocando transformações numa floresta inteira. No mesmo sentido o leve bater
das ondas sobre um rochedo. A pedra lavada de hoje já foi rocha imensa no
passado, mas foi sendo lentamente diminuída pelo calmo e silencioso beijo das
águas. Enquanto isso, o homem nada faz para mudar o seu mundo e o próprio
mundo. Bastaria o grão do sentir, o pingo de amor pela vida e tudo já teria seu
começo. Mas, enfim, que a natureza faça o que o homem sempre demonstrou ser
incompetente e incapaz de fazer. Semear o seu sagrado grão, em nome de si, de
todos e da vida.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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