Rangel Alves da Costa*
Coisa da terra é o gibão, a sela, o estribo,
o chicote, a cangalha. Coisa da terra é a melancia, a abóbora, o milho, o
feijão, o quiabo, o maxixe, o melão coalhada. Coisa da terra é o boi, a vaca, o
jegue, o jumento, o cabrito, o bode. Coisa da terra é a moringa, o fogão de
lenha, o pote, a trempe, a caneca de alumínio, o alguidar, a cumbuca, o cantil.
Coisa da terra é a lua, o sol, o vento, a seca, a trovoada, a tempestade. Coisa
da terra é o ovo de capoeira, a planta medicinal, o pé de bonina, o manjericão,
a hortelã, o pilão, o tamborete, a rede. Coisa da terra é o toucinho, a tripa,
o bofe, o mocotó, a buchada, o sarapatel, a carne assada. Coisa da terra é a
cachaça, a aguardente, a pinga, o vinho de jurubeba. Coisa da terra é a
catingueira, o bonome, a aroeira, a jurema, o umbuzeiro, o quipá, a barriguda,
o angico. Coisa da terra é o candeeiro, a lamparina, a noite escura, o vento
soprando, a janela batendo, a visita. Coisa da terra é a palavra, a prosa, a
amizade, a confiança. Coisa da terra é Maria, é João, é Sebastiana, é Pedro, é
Manoel. Coisa da terra é o tanque, o riacho, a fonte, o barreiro, a cacimba.
Coisa da terra é a terra, o chão, o sertão. Coisa da terra sou eu e meu irmão.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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