Rangel Alves da Costa*
A maioria das pessoas chora por tudo. Qualquer
coisa e já está se se derramando em lágrimas, se martirizando. Tem gente até
que chora por chorar, sem motivo alguma. Apenas resolve chorar e chora. Que bom
acontecesse assim também com a alegria. De repente, a pessoa resolve que está
alegre e começa a cantar e a sorrir para o mundo. Mas tudo tem o tempo e as
motivações certas. Não há como fugir da verdadeira alegria nem verdadeira
lágrima. Em momentos tais, não precisa nenhum esforço ou ajuda interior para
que tudo aconteça, eis que simplesmente brotam como as flores primaveris ou a
tristeza ante a partida de um ser amado. O choro, por agir dentro do ser como a
água que vai corroendo a pedra, necessita ser suficientemente justificado para
se expressar. Quais as razões para chorar ou não chorar? Fácil demais
responder. Há lágrimas desnecessárias quando são derramadas por briguinhas
amorosas casuais, por meras insatisfações pessoais, por saudade de quem não
merece a presença, por que alguma coisa não aconteceu do modo que se esperava.
Mas pode chorar pela morte de uma pessoa querida, pela saudade verdadeira, pela
distância daquelas pessoas que tanto bem fazem ao coração. Pode chorar também
pelas vítimas das crueldades do mundo, pelos desvalidos de toda sorte humana e
pelo entardecer tão poético e belo. Sim. Chore também pelo entardecer tão
poético e belo. Não precisa dizer os motivos. Mas pode chorar.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
Desconfio daqueles chorões profissionais que por qualquer coisinha derramam lágrimas de crocodilos. Conheço alguém assim: chora por tudo, até de ver criancinha dançando no Raul Gil. Chora quando está alegre, quando está triste, porque o time perdeu, porque chegou visita inesperada. É uma choradeira danada. Mas na verdade, o choro dela é raso, vem dos olhos, e não do coração. É dissimulada. Uma falsa.
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