Na carne, na pele, na vida...
Mais um dia inteiro assim
e olho para trás, enxergo
vem o espanto, ouço e corro
tropeço, esparramo pelo chão
levanto para cair novamente
avanço na mataria e volteio
afasto galhos e serpentes
sigo a vereda, salto a pedra
e a pressa, o medo, o grito
o choro, o soluço, a lágrima
o corte na face, o açoite no corpo
a sede, a fome, a dor
o salto, o transpor, ainda pavor
e o espinho no pé, o graveto no ombro
a cabeça latejante, o corpo suado
enfim uma casa, uma porta
enfim parar, respirar, sentir
enfim chegar e compreender
que só pode continuar vivo
quem faz todo dia assim
correr, quase morrer pra viver...
Rangel Alves da Costa
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